Após o período de quarentena generalizada, quando as pessoas começarem a voltar às suas atividades, vai aumentar as interações sociais, e os cuidados para evitar e conter o contágio da Covid-19 precisam, e devem continuar, e até serem redobrados. De acordo com os especialistas, enquanto não tiver a vacina, as medidas de prevenção deverão fazer parte dos programas de reabertura de escolas, comércio, indústrias e viagens internacionais, assim como será necessário redimensionar a capacidade de lotação dos espaços de laser, estádios esportivos, teatros, restaurantes, shoppings e hotéis.
O infectologista Roberto Badaró, membro do Comitê Científico da Covid-19 no Nordeste, e diretor médico do Centro de Tratamento da Covid-19 do Hospital Espanhol, em Salvador, alerta que essas precauções deverão ocorrer em todo o mundo, e até que se tenha uma vacina segura, e nenhum caso seja documentado em cada território, novos surtos epidêmicos continuarão surgindo em localidades com baixa notificação.
“O mundo não será mais igual depois dessa pandemia. Uma completa modificação do comportamento social deve ser recomendada. Ou seja, a construção de um mundo com outro conceito de normalidade, onde proteção facial, distanciamento social, redimensionamento e higiene compulsória de espaços abertos e fechados, assim como a lavagem compulsória das mãos, e adaptações para diversão e shoppings serão obrigatórios para o reinicio das atividades cotidianas”.
Talvez nunca seja erradicado
Assim como existem vacinas para doenças que nunca foram erradicas, como o sarampo, por exemplo, isso também pode acontecer com a Covid-19 (doença causada pelo novo coronavirus), o que vai exigir um grande esforço por parte de líderes e da sociedade, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em entrevista concedida à imprensa internacional no mês de maio.
“A trajetória [do surto] está em nossas mãos, é um problema de todo mundo, e todos nós devemos contribuir para acabar com esta pandemia”, afirmou na entrevista o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
De acordo com a OMS, como esse vírus é novo, ainda é muito difícil prever quando será vencido, e talvez nunca seja erradicado e as populações terão que aprender a conviver com ele. Surgido na China em dezembro de 2019, o novo coronavirus já infectou mais de 8,2 milhões de pessoas no mundo.
Mais da metade da população mundial foi colocada em quarentena desde o início da crise do novo coronavírus, que dá sinais de alívio em vários países, embora novos focos tenham surgido na China e na Europa, e até na Nova Zelândia, que já tinha decretado o país livre da pandemia.
“Muitos países gostariam de abandonar as diferentes medidas [de contenção]“, disse Tedros. “Mas nossa recomendação é de que o nível de alerta em qualquer país seja o mais alto possível, e que todas as medidas tomadas sejam graduais.”
Correta classificação
O infectologista Roberto Badaró alerta que o Sars-CoV-2 e a Covid-19 não devem ser confundidos como significado da mesma coisa. De acordo com ele, a pandemia causada por esse novo coronavirus exige uma classificação semelhante ao feito para a infecção pelo HIV, a fim de que o redimensionamento dos sistemas de saúde possam conviver por um período desconhecido com a presença desse vírus no mundo, e não inviabilize a saúde e a prevenção das doenças cardiovasculares, pulmonares, endocrinológicas, digestivas e neurológicas causadoras de grande morbimortalidade no mundo.
“Os sistemas paralelos de hospitais e serviços construídos, destinados ao atendimento dos pacientes com a Covid-19, não devem inviabilizar a atenção muitas vezes complexa necessárias à um paciente infectado pelo novo coronavirus, porém sem necessariamente estar com a doença Covid-19. Os médicos precisam não apenas estar atentos a isso, mas seguir as orientações no correto preenchimento de formulários e atestados, conforme adverte o Conselho Federal de Medicina e o Ministério da Saúde”.
FONTE: ABM SAÚDE